Rasura / Raquel Lima

Como pensar na relação entre a minha poesia e as dimensões de rasura e apagamento? O vídeo Rasura tenta responder a esta pergunta reflectindo em torno de três eixos: o apagamento que vem com uma "poética do corpo presente" considerando o meu percurso através de palcos de poesia oral e performativa e o seu carácter efémero; o apagamento num sentido ontológico, introduzindo a oratura como instrumento de reconfiguração histórica, que surge no âmbito de tensões epistémicas entre práticas literárias convencionais e outras formas de narrar e produzir conhecimento; e finalmente, a relação entre identidade e apagamento considerando a manifestação das fronteiras literárias face a formas de repressão a partir do próprio acto de escrever. É, portanto, um vídeo centrado na materialização do impossível, quer através da procura da minha estética e ética literárias, quer através da procura de outras formas de contar, sentir, encarnar, significar e descrever o mundo, para além das formas estruturais e dominantes de rasura e apagamento.

Raquel Lima

Realização cinematográfica e edição de vídeo: Lubanzadyo Mpemba e Raquel Lima

Direção de fotografia: Lubanzadyo Mpemba

Edição de som: Sara Morais

Agradecimentos: Daniel, Delson, Jorge, Pedro e Tchiloli Mini Riboquino

Excerto do poema: “sucubu” in Ingenuidade Inocência Ignorância, raquellima 

Tradução: Álvaro Seiça

Revisão: Anne Karhio 

Legendagem:  Manufactura Independente do Porto

Este trabalho estreou em 2021 no Erase! festival e foi apresentado na 35.ª Bienal de São Paulo